terça-feira, 5 de junho de 2012

AFINAÇÃO DE BATERIA...


...Qual o mistério?!

Várias pessoas já me perguntaram sobre a complexidade de se afinar uma bateria... Bom, eu não acho tão complicado, pra mim, muito do som que eu tiro da bateria tem a ver com a minha pegada (geralmente todo baterista desenvolve isso com o tempo), estamos falando de um instrumento acústico... Mas vamos lá.
Vamos falar pela “via de regra” ...
Conceito
De um modo geral, um tambor é um casco coberto, em suas extremidades, por uma membrana vibratória; quando a membrana é percutida, obtemos o som. As características desse som dependem de vários fatores: o material no qual é confeccionado o casco, o tipo de pele (membrana), a força do impacto da baqueta na pele, a área do impacto, a tensão da pele (o quanto ale está esticada), e a acústica do local.
Baseando-se nesses fatores,  podemos obter uma variedade de sons  de um tambor. Um fator importante que atua nessa variedade de sons é a afinação. Tanto a composição quanto as medidas de altura, diâmetro e espessura do casco também influenciam no timbre, volume e sustentação do som; mas a pele contribui em grande parte nas características do som final obtido.
Básico
A pele é fixada na borda do casco por um aro; o aro é fixado pelas castanhas. Apertando os parafusos o aro pressiona a pele contra a borda do casco. Quanto mais apertada a pele, mais alto será o som do tambor, quando percutido.
Caso nunca tenha afinado sua bateria antes, a melhor coisa a fazer é, trocar as peles velhas, com peles novas o resultado será melhor. Se você não sabe o tamanho das peles, meça o diâmetro do tambor (geralmente em polegadas).
Cheque a borda do tambor. Está limpa? Defeitos na borda podem influenciar no som.
Na troca por peles novas, alguns bateristas recomendam você colocá-las no tambor, apertar bem os parafusos e deixar assim por algumas horas; com a pele bem esticada, depois que fizer isso, retire a pele do tambor e comece o processo de afinação.
Coloque a pele no tambor, o aro e os parafusos apertando-os com os dedos até onde conseguir (procure manter sempre a mesma tensão para todos os parafusos). A pele ainda estará frouxa. Agora você pode usar a chave de afinação. Aperte os parafusos sempre em cruz. Os diagramas abaixo mostram a ordem de aperto dos parafusos para tambores de 4, 6, 8 e 10 afinações:

Comece pela pele de baixo (resposta). A primeira coisa a fazer é procurar igualar a tensão em todos os pontos da pele. Conforme você vai apertando os parafusos, vá controlando o som, percutindo na borda da pele, próximo a cada parafuso, e tente obter o mesmo som de cada ponto. Faça o mesmo com a pele de cima (batedeira).
A altura (afinação) da pele depende das características do casco, da tensão da pele de resposta e de sua relação com a afinação dos outros tambores.
As Características do Casco
Cada casco tem sua vibração e frequência. Você pode determinar essa frequência pegando o casco sem as peles, segurando-o levemente, e golpeando-o levemente com uma baqueta de feltro ou borracha.
Quando a pele está sendo afinada, comece por uma afinação baixa (pele solta) e gradativamente vá aumentando a tensão. Você vai perceber que em alguns níveis de tensão a pele vibra bastante, enquanto que em outros ela parece “morta”. O que acontece é que a frequência de ressonância do seu casco (a frequência na qual o casco vibra) também contribuirá para a vibração da pele, ou poderá cancelar essa vibração. O objetivo é encontrar aquele ponto onde a pele e o casco “trabalharão” juntos.
Tensão da Pele de Resposta
Você tem 3 opções para a afinação da pele de resposta:
Ø  mesma tensão do que a pele de cima
Ø  maior tensão do que a pele de cima
Ø  menor tensão do que a pele de cima
Cada uma dessas opções produz diferentes resultados.
Mesma tensão para as duas peles
Isto produz um som com bastante “sustain” – (boom). O ataque pode ser preciso, depende da tensão da pele de cima (batedeira), e sua ressonância será longa. Sem uma variação de tensão entre as duas peles o som ficará “morto”.
Pele de baixo com menor tensão que a de cima
O “decay” e “sustain” são diminuídos. Pouca definição de timbre.
Pele de baixo com maior tensão que a de cima
Aqui sim as coisas se tornam interessantes. Permite um melhor controle da ressonância e do timbre.
Quando você toca na pele de cima de um tambor, o ar contido neste tambor é imediatamente comprimido. Isso provoca a ressonância da pele de baixo. A pele de cima, por uma fração de segundo, é levemente abafada pelo contato da baqueta. Consequentemente a pele de baixo produz o som completo antes que a pele de cima. Então se a pele de baixo estiver mais tensionada que a de cima, você vai certamente ouvir o som dela ressonar primeiro, seguida pela pele de cima, dando o efeito de “pitch bend” – ( bwow).
Afinação Relativa com Outros Tambores
Há pessoas que dizem que afinam suas baterias em intervalos de terças ou quintas. Mas mesmo que cada tambor esteja afinado o timbre obtido pode não ser agradável. Em outras palavras, o tambor pode estar exatamente afinado numa nota e seu som (timbra), uma droga! O importante é procurar manter um equilíbrio; um intervalo que soe agradável entre um tambor e outro. Não há regras específicas quanto a isto, aja visto que cada estilo de música possui seus timbres particulares. Provavelmente você nunca irá ver um baterista de Reggae afinar seu instrumento como o Alex Van Halen afina o dele, por exemplo. Você deve afinar e re-afinar sua bateria, especialmente se você toca vários gêneros de música. A experiência é o melhor caminho.
Bumbo
O bumbo é a “batida do coração” da bateria. O bumbo sempre terá duas peles – bem, porque ele tem duas peles se vamos percutir em uma só? E qual a função daquela abertura (furo) na pele da frente?
Todas as respostas mentem no complexo mundo da AFINAÇÃO. Muitos bateristas realmente não sabem como fazer o bumbo soar bem, eles apenas colocam um cobertor ou travesseiro no seu interior. A razão pela qual o bumbo é feito de madeira, e o porquê das duas peles é esta palavra, que sempre está presente quando se fala de afinação de bateria: RESSONÂNCIA.
Ressonância é a vibração do tambor quando depois que você percute nele com a baqueta, ou, no caso do bumbo, quando percutido com o “pirulito” (batedor do pedal). É o mesmo que pôr a cabeça dentro de um tambor de vazio e gritar “Alô”. A verdade é que você tem que usar algo para abafar o bumbo. O quanto você vai abafar depende das dimensões do bumbo e do som desejado. Alguns bateristas usam um cobertor encostado na pele de trás e da frente, outros usam travesseiros. Existem também os “Muffles” de vários modelos e marcas, que são abafadores desenvolvidos pelas empresas que fabricam as peles. Porém, hoje existem ótimas peles que dispensam estes “improvisos” (Eu mesmo, uso uma pele que me dá um ótimo kick de bumbo), esse recursos acima, às vezes te dão um som aveludado, porém, sem volume...
Bem, o processo inicial de afinação é o mesmo de qualquer outro tambor. Coloque a pele, o aro e aperte os parafusos com os dedos até fixar bem. Depois aperte cada parafuso em cruz, como já mostramos anteriormente, procurando igualar a tensão em todos os pontos da pele. Como nos outros tambores, você deve experimentar vários tipos de abafadores e tensão nas peles. Novamente, o timbre vai depender muito do tipo de música a ser tocada e do gosto pessoal do músico. Tome cuidado com o assunto – ressonância. Se seu bumbo tem uma “sobra” de som, seu groove pode soar indefinido, principalmente ao aplicar muitas notas no bumbo.
Numa outra oportunidade, falamos da Caixa – Afinação das Peles Batedeira e Resposta, Esteira e, bem mais pra frente, sobre pratos e hardwares...

l.f.

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